dimanche 26 juillet 2009

Nouvelles acquisitions: cd’s et dvd’s.


(texto português em baixo)

Les fidèles de ce blog l’auront remarqué, ce mois de juillet aura été assez peu fourni en nouveaux textes. Et pour cause, pour moi aussi, c’est le mois des vacances et des minitrips, pour la plupart passés dans ce que les Brésiliens appellent affectueusement la « terrinha » -la petite terre- autrement dit le Portugal. Ce fut l’occasion de découvrir davantage le nord du pays, le Minho (Braga, Barcelos, Guimarães, Viana do Castelo, Ponte de Lima), riche en histoire, traditions et expressions artistiques. J’y reviendrai plus tard pour ce qui est d’évoquer l’art populaire de cette partie du pays.
Entretemps, comme je l’attendais, m’est arrivé une commande passée sur le portail d’un grand magasin « online » de livres, cd’s et dvd’s, Saraiva.
Il n’y a aucune raison particulière pour avoir choisi celui-ci plutôt qu’un autre, mais le fait est que pour l’instant, je n’ai jamais rencontré de désagréments avec eux.
Généralement la livraison se fait dans les quatre ou six semaines et, si le prix du produit est largement moins cher qu’en Europe, le coût du « frete » revient à payer le cd au même prix que sur le vieux continent.
Il faut donc imaginer que les albums qui ont été chroniqués en juin par la presse spécialisée brésilienne en juin (dans ce cas), m'arrivent en cette fin du mois de juillet.
Le seul véritable problème avec ces grandes machines de consommation comme Saraiva, réside dans le fait que l’on y trouve pratiquement aucune production indépendante, ou de tout petit label. Ceux-ci seront à dénicher lors de mes voyages biannuels, sauf quand les artistes eux-mêmes ont la gentillesse (oserais-je dire l’intelligence ?) de m’envoyer leurs travaux en droite ligne.
Car après tout, ce blog, mais surtout le programme radio Tropicália (qui passe en direct toutes les semaines sur Radio Judaica), et enfin les podcasts qui en découlent, offrent une assez belle vitrine internationale aux musiques brésiliennes que je me fais fort de divulguer inlassablement.

Voici donc la liste de ce qui m’est arrivé à Bruxelles, en remerciant au passage Ana Costa et Fernanda Cunha pour m’avoir envoyer leur dernier album, ainsi que l’équipe de production de Lula Queiroga, qui avait lu dans un post précédant que je rencontrais des difficultés à trouver les deux premier titres de cet excellent artiste du Pernambuco….

Os leitores fiéis desse blog já devem ter percebido que nesse mês de julho, ele vem sendo pouco abastecido com novos textos. Isso acontece porque, inclusive para mim, julho aqui também é um mês de férias e de mini-viagens, o que para a maioria, no nosso caso, significa visitar aquele país que os brasileiros chamam carinhosamente de a « terrinha » - refiro-me a Portugal. Mais particularmente ao norte do país, na região do Minho (Braga, Barcelos, Guimarães, Viana do Castelo): rica em história, tradições, e expressões artísticas. Eu vou retornar a esse assunto mais à frente, a fim de evocar a arte popular dessa região.
Entretanto, como eu estava já à espera, chegou-me uma encomenda feita através do portal de uma grande loja virtual de livros, cd’s e dvd’s, a Saraiva.
Não há qualquer razão específica para eu ter escolhido essa loja em detrimento de qualquer outra; mas o fato é que até o presente momento, eu nunca tive qualquer aborrecimento com eles.
Geralmente a entrega é feita num prazo de quatro a seis semanas e – se o preço do produto é extremamente mais barato do que na Europa – o custo do frete equipara o preço a ser pago por um cd ao mesmo preço que o cobrado aqui no velho continente.
É preciso então imaginar que os álbuns que são divulgados e criticados pela imprensa especializada em junho (nesse caso) no Brasil, me chegam às mãos nesse final de julho.
O único problema real com essas grandes máquinas de consumo como a Saraiva, reside no fato de que nelas é praticamente impossível encontrar alguma produção independente, ou aquelas realizadas por selos muito pequenos. Essas vêm a ser garimpadas através de minhas viagens semestrais; salvo quando os artistas, eles mesmos, fazem a gentileza (ou deveria eu dizer... a inteligência?) de me enviar seus trabalhos em linha direta.
Fato é que, depois disso tudo, esse blog, mas sobretudo o programa Tropicália - transmitido ao vivo todas as semanas pela Rádio Judaica - e por fim os podcasts decorrentes, oferecem uma belíssima vitrine internacional para a exposição das músicas brasileiras, que eu me esforço para divulgar incansavelmente.

Aqui abaixo, então, a lista do que me chegou em Bruxelas; e aproveito para agradecer de passagem a Ana Costa e Fernanda Cunha por terem me enviado seus últimos álbuns durante este mês de julho, bem como à equipe de produção de Lula Queiroga, que havia lido num post anterior sobre as dificuldades de se encontrar os dois primeiros títulos do grande artista de Pernambuco…


CD’s

Zélia Duncan : « Pelo sabor do gesto » (Universal)
Nando Reis e Os Infernais : « Drês » (Universal)
Fernanda Porto : « Auto-retrato » (EMI)
Ná Ozzetti : « Balangandãs » (MCD/ Ná records)
Ivete Sangalo : « Pode entrar » (Universal)
Ana Costa : « Novos alvos » (Zambo discos)
Fernanda Cunha : « Brasil Canadá » (indep.)
António Zambujo : « Outro sentido » (Universal/ MP,B)
Titãs : « Sacos plásticos » (Universal/ Arsenal music)
Rodrigo Bittencourt : « Mordida » (Nataxa artes)
Pedro Mariano : « Incondicional » (EMI)
Velha guarda da Portela : « Portela passado de glória » (Biscoito fino)
Cachorro Grande : « Cinema » (Deckdisc)
Os the darma lóvers : « Simplesmente » (Universal/ Dubas)
Ivan Lins : « The Metropole Orchestra, regência : Vince Mendoza » (Biscoito fino)
Tania Grinberg : « Na Paleta do pintor » (indep.)
Marcos Sacramento : « Na cabeça » (Biscoito fino)
Claudia Telles : « Quem sabe você » (Lua)
Belmondo & Milton Nascimento (Biscoito fino)
Vanessa da Mata : « Multishow ao vivo » (Sony)
Rita Lee : « Multishow ao vivo » (Biscoito fino)
Renato Godá (indep.)
Elba Ramalho : « Balaio de amor » (Biscoito fino)
Dolores Duran : « Entre amigos » (Biscoito fino)
Arlindo Cruz : « MTV ao vivo vol 1 & 2 » (Deckdisc)
Zé Ramalho : « Duetos » (Som livre/ Sony)
Jorge Vercilo : « Ao vivo, Trem da minha vida » (EMI)
Zé Ramalho : « Canta Luiz Gonzaga » (Sony/ Discobertas)
Aline Calixto (Warner)
Carlos Careqa : « Tudo que respira quer comer » (Bed)
Moyseis Marques : « Fases do coração » (Deckdisc)
Rosa Emilia : « Álbum de retratos, Cacaso, parceiros e canções » (Lua)
Luiza Possi : « Bons ventos sempre chegam » (Som livre/ LGK)
Chico Buarque : « Por eles e elas » (Som livre)

Plus ancien :

Luiz Murá : « Juquehy » (indep.) -2007-

Angélica Rizzi : « Águas de chuva » (Discpress) -2007-
Consuelo de Paula : « Dança das rosas » (indep.) -2004-
Lula Queiroga : « Aboiando a vaca mecanica » (Luni) -2001-
Lula Queiroga : « Azul invisível, vermelho cruel » (Luni) -2003-
Pato Fu : « Rotomusic de liquidificapum »-edição especial- (Tratore) -1993/ 2008-

DVD’s

Guinga & Paulo Sérgio Santos : « Saudade do cordão » (Biscoito fino)
Arlindo Cruz : « MTV ao vivo » (Deckdisc)
Maria Bethânia : « Dentro do mar tem rio, ao vivo » (Biscoito fino)
Ivan Lins : « MPB Especial 1974 » (Biscoito fino)
Markus Riba : « Toca Brasil » (Brasil musical/ Itaú cultural)
Rita Lee : « Multishow ao vivo » (Biscoito fino)
Vanessa da Mata : « Multishow ao vivo » (Sony)
Legião Urbana e Paralamas : « Juntos » (EMI)

vendredi 24 juillet 2009


-O RAPPA : « Monstro invisível » (M.Lobato/ Falcão/ Xandão/ L.Farias)
-SKANK : « Escravo » (Samuel Rosa/ Chico Amaral)
-PICASSOS FALSOS : «Rua do desequilibro » (Humberto Effe)
-GISELLA : « Capricho da sorte » (Sérgio Santos/ Murilo Antunes)
-RUBI : « De onde vem a calma » (Marcelo Camelo)
-THAIS MOTTA : « Ai de mim » (Marco Pinheiro/ Chico Alvez)
-ELISA QUEIRÓS : « Merecimento » (Fred Martins/ Elisa Queirós)
-CAROL SABOYA : « Águas passadas » (Mário Sève/ Chico César)
-ZECA PAGODINHO & JOÃO DONATO : « Sambou…sambou » (J.Donato/ J.Mello)
-SILVIA MACHETE : « Toda bêbada canta » (Silvia Machete)
-MOINHO : « Doida de varrer » (Ana Carolina/ Chacal)
-ANNA LUISA : « Bailarina do mar » (Anna Luisa)
-PEDRO LUIS E A PAREDE : « Santo samba » (Pedro Luis)

vendredi 17 juillet 2009


-TERESA CRISTINA : « Cantar » (Teresa Cristina )

-ELBA RAMALHO : « Último minuto » (Lula Queiroga)
-ADRIANA CALCANHOTTO : « Mulher sem razão » (Dé / Bebel Gilberto/ Cazuza)
-MILTON NASCIMENTO & JOBIM TRIO : « Chega de saudade » (A.C.Jobim/ Vinicius de Moraes)
-LILI ARAÚJO : « Lendas do mar » (Marcos Amorim/ Lili Araujo)
-MYLENE : « Clareou » (Mylene/ Fernando Nunes)
-TEREZA CRISTINA : « Nem ouro nem Prata » (R.Maurity/ J. Do Nascimento/ J.Jorge/ O.S. de Carvalho)
-UNS E OUTROS : « Dia branco » (Geraldo Azevedo)
-THAÍS GULIN : « Garoto de aluguel » (Zé Ramalho)
-ELIANA PRINTES & CHICO CESAR: « Se chovesse você » (Adonay Pereira/ Eliana Printes/ Eliakin Rufino)
-ROBERTO MENDES & LENINE : « Tira essa mulher da roda » (Roberto Mendes/ Capinan)
-NILZE CARVALHO : « Andarilho » (Cristino Ricardo/ Nilze Carvalho)
-TERESA CRISTINA : « Carrinho de linha » (Walter Queiroz)

mercredi 15 juillet 2009

Archive VHS : Candeia, Ivan Lins, Gal Costa.

Un pagode endiablé avec Candeia, Nelson Cavaquinho et Elton Medeiros.

Il y a les cd’s, les dvd’s, et puis aussi les vieilles VHS cachées au fond d’un placard, dont certaines contiennent encore des trésors musicaux oubliés.
Il y a un an, la chanteuse de samba chérie des cariocas, Teresa Cristina, évoquait lors d’une de mes interviews la figure importante qu’était le sambista Candeia (1935-1978). Je m’étais alors souvenu que sur l’une de ces K7 enfouies, je gardais un précieux document qui montrait le personnage menant une pagode endiablée qui sentait la bière et la sueur. J’avais alors promis à la chanteuse d’en faire une copie sur dvd…Que je lui dois encore ! Et en effet, il serait temps que je repique les meilleurs documents gardés sur ce support périssable. J’ai ainsi perdu récemment une magnifique émission de 90 minutes de 1974 qui réunissait Vinicius de Moraes, Toquinho et le Quarteto em Cy. L’image est restée, mais le son a mystérieusement disparu. Il est temps de sauver le meilleur des centaines d’heures archivés avant qu’il ne soit trop tard…Je crois qu’il va falloir que j’engage une équipe... !

Sur l’une de ces VHS, j’ai ainsi pu retrouver deux programmes assez sensationnels. Le premier diffusé en 1984 (sur TVGlobo je pense) faisait écho à l’album « Juntos » d’Ivan Lins, sur lequel le compositeur revisitait quelques-uns de ses classiques avec des invités exceptionnels. Cet album -comme ce programme- commémorait les dix années de collaboration d’Ivan avec son parolier de toujours, Vitor Martins, sous les arrangements de Gilson Peranzzetta. Dans une esthétique et un esprit très 80’s, les trois compères reçoivent Simone (pour Bandeira do divino), Elba Ramalho (Novo tempo), Patty Austin (Daquilo que eu sei), George Benson (Juntos), ou encore Nana Caymmi (Bilhete). Pour ma part, l’apparition du regretté Tim Maia dans Formigueiro et la belle interprétation de Paulinho da Viola dans Saindo de mim valent le document à eux seuls. Amusant de voir aussi Veronica Sabino (voir la photo dans le texte portugais), encore toute jeune, interpréter avec Ivan le standard Começar de Novo. Assez étonnement, je n’ai pu trouver trace de cette émission sur Youtube.

Par contre sur ce même Youtube, on y trouve bien quelques extraits de « Maria da Graça Costa Penna Burgos » (autrement dit le nom complet de Gal Costa), programme diffusé par la TV Globo en 1981. À ce moment précis de sa carrière, Gal vient d’obtenir son troisième disque d’or avec « Aquarela do Brasil », un album entièrement conçu autour de l’œuvre de Ary Barroso (1903-1964) C’est donc une Gal Costa glamour au sommet de sa gloire et en pleine forme vocale qui interprète 15 titres sur la K7 que j’ai pu conserver. Elle y reçoit le grand personnage du théâtre de revue et du cinéma brésilien, Grande Othello (1915-1996), pour un très amusant « Na tabuleiro da Baiana » (Dorival Caymmi) ainsi qu’Elis Regina (1945-1982), un an avant sa tragique disparition. La "pimentinha", toute sourire, ne semble cependant pas au mieux de sa forme physique.
Gal et Elis interprètent à deux Ilusão à toa (Johnny Alf), Estrada do sol (Jobim/ Dolores Duran) et Amor até o fim (Gilberto Gil), tandis que seule, Elis se lance dans une version irritante de Aprendendo a jogar (Guilherme Arrantes).



(texto português traduzido do francês)

Acervo VHS: Candeia, Ivan Lins, Gal Costa.

Há os cd’s, os dvd’s; e pode ser também que existam os antigos VHS escondidos no fundo de algum armário, sendo que alguns deles podem conter ainda alguns tesouros musicais esquecidos.
Faz um ano que a cantora de samba Teresa Cristina, querida dos cariocas, evocou ao longo de uma de minhas entrevistas a figura importante que foi o sambista Candeia (1935-1978).
Eu me lembrei então que num desses VHS enfurnados, eu guardei um documento precioso que mostrava o personagem comandando um pagode endiabrado, daqueles que cheiram a suor e cerveja. Eu tinha então prometido a Teresa que lhe faria uma cópia em dvd… Que lhe devo ainda !
De fato, será uma boa hora para pinçar esses melhores documentos guardados sob esse suporte perecível. Foi dessa maneira que eu perdi recentemente uma magnífica transmissão de 90 minutos, de 1974, que reunia Vinicius de Moraes, Toquinho e o Quarteto em Cy. A imagem permanece, mas o som desapareceu misteriosamente. É o momento certo de salvar o melhor de centenas de horas arquivadas antes que se seja tarde demais... Eu acho que vai ser preciso que eu contrate uma equipe... !

Num desses VHS, eu pude assim recuperar dois programas sensacionais. O primeiro transmitido em 1984 (pela Globo, acho) dando ressonância ao álbum « Juntos », de Ivan Lins, através do qual o compositor revisitava alguns de seus clássicos com certos convidados excepcionais. Esse álbum – como esse programa – comemorava os dez anos da parceria de Ivan com seu letrista de sempre, Vitor Martins, com os arrangos do mestre Gilson Peranzzetta.

Dentro de uma estética e de um espírito bem anos 80, os três companheiros recebiam Simone para Bandeira do divino, Elba Ramalho (Novo tempo), Patty Austin (Daquilo que eu sei), George Benson (Juntos), e ainda Nana Caymmi (Bilhete). De minha parte, as aparições do saudoso Tim Maia em Formigueiro, e a bela interpretação de Paulinho da Viola em Saindo de mim, já valiam o documento por eles mesmos. Engraçado também ver a ainda bem jovem Veronica Sabino (aqui na foto tirada do programa) interpretar com Ivan, Começar de Novo.
Bastante surpreso, eu não pude encontrar qualquer traço dessa transmissão no Youtube.

Por conta desse mesmo Youtube, encontra-se facilmente alguns trechos de « Maria da Graça Costa Penna Burgos » -nome completo da Gal Costa-, transmitidos pela TV Globo em 1981.
Naquela época, Gal tinha obtido o terceiro disco de ouro da sua carreira com o L.P. “Aquarela do Brasil”, homenageando a obra de Ary Barroso (1903-1964)
É uma Gal glamurosa, no auge de sua glória e em plena forma vocal, interpretando 15 títulos gravados, que aparece nesta vídeo que eu consegui conservar. Ela recebia o grande personagem do teatro de revista e do cinema brasileiros, Grande Othelo (1915-1996), para um divertido « No tabuleiro da Baiana » (Dorival Caymmi), bem como Elis Regina (1945-1982), um ano antes de seu trágico desaparecimento de cena. A Pimentinha não parece exibir uma forma física lá muito formidável.
Gal e Elis interpretam em dueto « Ilusão à toa » (Johnny Alf), Estrada do sol (Jobim / Dolores Duran) e Amor até o fim (Gilberto Gil); mas uma vez sozinha, Elis se lança a uma versão irritante de Aprendendo a jogar (Guilherme Arantes).


mardi 14 juillet 2009

Bruxelles en été : « Ô temps, suspens ton vol ! »

Le Musée Magritte sur la place Royale de Bruxelles,
couvert d'une bâche "surréaliste" durant les travaux
.

(texto português em baixo)

« …et vous, heures propices, suspendez votre cours », écrivait Alphonse Lamartine…
Bruxelles n’est jamais aussi agréable qu’en cette période de l’année. La capitale de l’Europe se vide de ses habitants et les touristes ne se bousculent pas.
Cependant une petite promenade du côté du Sablon (le quartier des antiquaires) laisse entendre des envolées espagnoles, italiennes, et même portugaises. Et si les Japonais répondent présents en nombre, le nouveau Musée Magritte de la Place Royale y est sans doute pour quelque chose.
En passant devant l’entrée, dimanche dernier, on pouvait lire « Magritte sold out » ! René Magritte est bel et bien devenu notre rock star nationale ! Il n’y avait plus moyen de pénétrer dans les salles pour voir les peintures du surréaliste belge. Mais pour les plus curieux, à l’ombre de Magritte, le Musée Royaux des Beaux Arts de Bruxelles exposait –et expose toujours jusqu’au 23 août- les toiles d’un autre maître belge, Alfred Stevens (1823-1906), le peintre de l’ « élégante parisienne » des années 1860-1880. Ce grand artiste -qui avait pour ami intime Sarah Bernhardt, Baudelaire, Victor Hugo, Degas, Manet ou Courbet- connut la gloire dans le gai Paris d’Offenbach, avant de tomber en désuétude face à la modernité des impressionnistes.


"Après midi dans le parc", toile d'Alfred Stevens (1823-1906)

Bruxelles est d’une belle tranquillité et le temps semble se ralentir. J’ai de la place pour garer ma voiture où bon me semble et je traverse la ville en 20 minutes. Un vrai bonheur !

Pour le moment, le programme Tropicália est en congé jusqu’à sa reprise le 31 août, et ça me permet de souffler un peu. Les podcasts, en attendant, continuent à être divulgués hebdomadairement ici et sur podomatic. Mine de rien, ce programme de trois heures, que je présente chaque lundi sur Radio Judaica, me demande certainement une vingtaine d’heures d’écoute pour la préparation. Cette pause va me laisser le temps de revisiter quelques albums pour lesquels je n’ai pas pu donner l’attention nécessaire. Et ceci en attendant une commande faite sur Saraiva qui m’apportera les nouveautés brésiliennes assez nombreuses ces derniers mois, malgré l’éternelle crise du disque. Je sens que 2009 sera d’un bien meilleur cru que sa petite sœur précédente.
C’est aussi l’occasion de s’installer à l’aise chez sois pour assister aux dvd’s qui restent encore emballés de leurs cellophanes d’origine. En ces temps où il faut courir de part et d’autre, cela devient presque un luxe de s’arrêter deux heures trente pour voir un concert avec ses extras et son « making of ». De même, prend-t-on encore réellement le temps d’écouter un album en entier avec attention ? Non pas en faisant la vaisselle ou en passant l’aspirateur ! J’ai dit : avec attention ! C’est peut-être le vrai défi que je me tiens pour ces deux mois plus calme…Prendre le temps !

Pintura de René Magritte (1898-1967): "La lunette d'approche"

(traduzido do texto francês)

Bruxelas nunca é tão agradável quanto nessa época do ano. A “capital da Europa” fica vazia de seus habitantes e os turistas não ficam se acotovelando.
Entretanto, um breve passeio pelos arredores de Sablon (o bairro dos antiquários) nos permite perceber –aqui e ali- umas palavras em espanhol, italiano, e mesmo português. E para os japoneses que comparecem a tudo em massa, o novo Museu Magritte da Praça Real (Place Royale) é sem dúvida algo de especial. Ao passar em frente à sua entrada nesse domingo passado, podia-se ler « Magritte soldo out! (esgotado) » ! René Magritte (1898-1967) tornou-se realmente nossa “rockstar” nacional! Não havia mais forma de penetrar dentro de suas salas para ver as pinturas do surrealista belga. Mas para os mais curiosos, agora um pouco ofuscado pelo Magritte, o Museu Real de Belas Artes de Bruxelas (Musée Royaux des Beaux Arts de Bruxelles) está expondo – e essa exposição vai até 23 de agosto – as telas de um outro mestre belga, Alfred Stevens (1823-1906), o pintor da « parisiense elegante » dos anos 1860-1880. Esse admirável artista – que tinha como amigos íntimos Sarah Bernhardt, Baudelaire, Victor Hugo, Degas, Manet e Courbet – conheceu a glória dentro do alegre Paris d’Offenbach, antes de tornar-se obsoleto frente à modernidade dos impressionistas.

Pintura de Alfred Stevens (1823-1906): "La lettre de rupture" (1867)

Bruxelas é de uma bela tranquilidade, e o tempo aqui no verão parece andar mais devagar. Posso estacionar meu carro onde quero e atravesso a cidade em 20 minutos sem engarrafamento. Por enquanto meu programa de MPB –Tropicália- está de férias até seu retorno em 31 de agosto, e isso me permite respirar um pouco. Entretanto, podcasts inéditos podem ser ouvidos aqui e no Podomatic.
Ironicamente, um programa de três horas por semana me requer no mínimo umas vinte horas de audição para sua preparação. Essa fase agora vai me liberar um tempo para revisitar alguns álbuns aos quais eu ainda não pude dedicar a devida atenção. Isso esperando uma encomenda feita à Saraiva (nada de propaganda, o fato é que sempre encomendei nesta loja online sem que haja problemas) que me trará as numerosíssimas novidades brasileiras desses últimos meses, apesar da eterna crise do mercado fonográfico. Sem dúvida, a safra de 2009 parece melhor do que o ano passado.

É também a ocasião de aproveitar um tempo em casa para assistir aos dvd´s que ainda permanecem embalados em seus celofanes originais. Nesses tempos em que se é obrigado a correr de um lado para o outro, torna-se quase um luxo poder parar por duas horas e meia para assistir a um show com seus extras e seu « making of ». Além do mais, será que ainda é possível realmente ter tempo para se ouvir um disco inteiro com atenção? Não lavando a louça ou passando o aspirador! Eu disse: com atenção! Talvez seja esse o desafio que me aguarda nesses dois meses mais calmos... Aproveitar o tempo!

dimanche 12 juillet 2009

Mestre Vitalino (1909-1963) : O Brasil festeja o centenário de seu nascimento.

Vitalino Pereira dos Santos
e uma das suas mais tradicionais figurinas: o boi.


(Texte français plus bas)
(texto traduzido do post precedente em francês com mais fotos e videos)

Alguém pode se perguntar por que depois de quase um ano e meio, esse blog tem a pretensão de intitular-se pomposamente « Art et Musique Populaire Brésilienne ».
É verdade que, no início, a idéia era a de compartilhar não somente a minha paixão pelas músicas do Brasil, mas também pela Arte Popular Brasileira, que eu considero a arte que verdadeiramente reflete a identidade desse país. Para tanto, eu havia criado um segundo blog (exclusivamente em francês, aqui, sob a coluna à direita dessa página) para o qual eu não tive tempo ainda de dedicar nada além do que um texto introdutório. No entanto, para acrescentar uma nova cor a esse blog essencialmente musical, eu considero interessante falar também de artes plásticas –de vez em quando- partindo do princípio de que as artes – quando elas atingem um patamar de qualidade – são por essência interligadas.
Nesses últimos anos, o interesse pelos mais famosos representantes da Arte Popular Brasileira não fez mais do que aumentar e – em conseqüência – idem suas cotações nas galerias e casas de leilões. Seus valores de mercado acompanham hoje de perto aqueles das pinturas e esculturas classificadas como eruditas que – em sua maioria – bebem mais nas fontes estrangeiras do que na cultura do seu próprio país.
As belas esculturas em madeira de Artur Pereira e de GTO – proeminentes artistas populares – podem chegar facilmente a valores que vão de 15 a 20.000 euros (de 40 a 60.000 reais), enquanto que as estatuetas pintadas de Vitalino do início dos anos cinqüenta chegam sob o martelo dos grandes leiloeiros a 3 ou 4.000 euros (8 a 10.000 reais). Algumas peças desse mesmo artista que já pertenceram à coleção do escritor Jorge Amado, foram arrematadas por 8.000 euros, em dezembro de 2008.
Minha paixão pela arte popular brasileira me veio naturalmente pelo viés da música e de suas letras, reflexo dos diferentes temas concernentes a cada região do país.
Dessa mesma forma, dentro das telas de Heitor dos Prazeres (1898-1966), eu captei o frenesi dos pagodes (reuniões de sambistas), assim como através das esculturas de Vitalino, me vieram à mente todo o cotidiano e o imaginário das regiões agrárias do Nordeste, cantadas à mesma época por Luiz Gonzaga (1912-1989).
Através de sua arte, Vitalino Pereira dos Santos foi o primeiro a se constituir cronista de sua época e de sua região, tão rica em tradições e festas, tanto religiosas quanto pagãs.
Como já foi comentado anteriormente nesse blog, um espaço-galeria dedicado à Arte Popular Brasileira (mas também portuguesa) está sendo elaborado no momento em Bruxelas, com vistas à sua inauguração em 2010. Mas hoje, como o Brasil comemora o centenário desse grande artista que é Vitalino Pereira dos Santos, eu não poderia perder a oportunidade de lembra-lo. Vitalino é uma figura emblemática do Brasil, cuja obra faz parte do currículo pedagógico do ensino geral das escolas primárias. Ele é simplesmente o primeiro nome que vem como referência do espírito brasileiro, quando se trata de evocar a Arte popular, que não é outra senão aquela com « A » maiúsculo.


Eu recomendo que vocês leiam aqui, abaixo, o texto escrito pela jornalista Leticia Lins - publicado no site « Globoonline » - enumerando as festividades e homenagens organizadas para honrar esse grande mestre.
« RECIFE e SÃO PAULO - A revista americana Time publicou na edição de 1º de fevereiro de 1963 a notícia da morte de um importante artista plástico brasileiro. O artista era o pernambucano Vitalino Pereira dos Santos, conhecido no Brasil como Mestre Vitalino, o homem que dava vida ao barro. Nesta sexta-feira, Pernambuco e todo o país lembram os cem anos de nascimento do artista. Em São Paulo, considerada a maior cidade nordestina do país, estão programados shows para o Centro de Centro de Tradições Nordestinas, neste domingo. A Banda de Pífanos de Caruaru se apresenta ao lado de Valdeck de Garanhuns, seu Jorge do Rastapé e a quadrilha Asa Branca. Pernambuco também comemora a data com uma série de homenagens aquele que foi o primeiro artesão do estado a imortalizar no barro os tipos populares do Nordeste: as bandinhas de pífano, os caçadores, os emigrantes, os vaqueiros. Ele viveu no Alto do Moura, no município de Caruaru, a 130 quilômetros de Recife e deixou uma multidão de discípulos que fazem hoje do manipular o barro o seu meio de vida. Calcula-se que só em Caruaru 500 pessoas vivem desse tipo de artesanato. No Alto do Moura está a casa museu onde Vitalino viveu e onde seus filhos dão continuidade ao seu ofício. É lá que acontecem as principais comemorações para lembrar o Mestre, que era também um tocador de pífano - o pife, como dizem os nordestinos da caatinga. Vitalino ganha selo dos correios e também ganha a Medalha comemorativa do centenário, instituída pela Casa da Nieda do Brasil. Além disso, no Alto do Moura, desfilam 26 grupos folclóricos. Para assinalar a data, ainda, Caruaru estendeu seus festejos juninos até esta sexta. O artista também ganha estátua em frente à casa onde residiu e os moradores de Caruaru verão de graça o espetáculo "As Sete Luas de Barro", que conta a trajetória de Vitalino para a fama e os choques culturais que enfrentou ao viajar para cidades grandes como o Rio de Janeiro. Em Recife, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato também presta homenagem ao Mestre e para divulgá-la, o Governo de Pernambuco colocou estátuas gigantes dos bonecos do mestre nas principais vias da Cidade. A décima edição da Fenearte se encerra nesse final de semana. Mestre Vitalino nasceu no dia 10 de julho de 1909, na zona rural de Caruaru e morreu de varíola, aos 54 anos.Na cidade, coleções de obras do mestre estão em exposição permanente no museu do barro e no de arte popular. Neste ano do centenário, foram montadas ainda duas mostras de fotografias, uma com recriações de casas de barro, e outra no Recife, com fotos de Vitalino feitas pelo francês Pierre Verger, em 1947. »

samedi 11 juillet 2009

Maître Vitalino (1909-1963) : Le Brésil fête le centenaire de sa naissance.

Mestre Vitalino et ses sculptures de Lampiao et Maria Bonita,
figures emblématiques du Nordeste.


(texto português em breve)

D’aucun pourrait se demander pourquoi depuis presque un an et demi, ce blog a la prétention de s’intituler pompeusement « Art et Musique Populaire Brésilienne ».
Il est vrai qu’au départ, l’idée était de partager non seulement ma passion pour les musiques du Brésil, mais aussi pour l’Art Populaire Brésilien que je tiens pour le véritable art identitaire de ce pays. Pour ce faire, j’avais crée un deuxième blog (uniquement en français ici sur la colonne de droite de cette page) où je n’ai eu le temps que pour un texte d’introduction. Cependant, pour ajouter une nouvelle couleur à ce blog musical, je ne trouve pas inintéressant d’y parler aussi d’art plastique, partant du principe que les arts –quand ils atteignent un degré de qualité- sont par essence fusionnels.

Vitalino: Les "Violeiros" (circa 1950)

Ces dernières années, l’intérêt pour les plus célébres représentants de l’Art Populaire Brésilien n’a fait que s’accroître et - en conséquence- leurs côtes dans les galeries et les salles de ventes. Leurs valeurs marchandes côtoient maintenant de près celles des peintres et sculpteurs qualifiés d’érudit qui -pour la plupart- ont puisé aux sources étrangères plutôt qu’à leur propre culture. De belles sculptures sur bois d’Artur Pereira ou de GTO –éminents artistes populaires- peuvent atteindre facilement 15.000 à 20.000 euros (40 à 60.000 reais) tandis que les figurines peintes de Vitalino du début des années cinquante arrivent sous le marteau des commissaires-priseurs jusqu’à 3 ou 4.000 euros (8.000 à 10.000 reais). Certaines pièces de ce même artiste ayant appartenu à la collection de l’écrivain Jorge Amado furent adjugées jusqu’à 8.000 euros, en décembre 2008.

Vitalino: "Le sermont du curé" (c.1950-collection privée, Bruxelles)

Ma passion pour l’art populaire brésilien m’est tout naturellement venu par le biais de la musique et de ses textes, reflets des différents thèmes propres à chaque région.
Ainsi dans les toiles d’Heitor dos Prazeres (1898-1966), je retrouvais la frénésie des pagodes (réunions de sambistas), tandis qu’aux travers des sculptures de Vitalino me revenaient tout le quotidien et l’imaginaire des régions agraires du Nordeste, chantés à la même époque par Luiz Gonzaga (1912-1989). Au travers de son art, Vitalino fut le premier à s’ériger comme le chroniqueur de son époque et de sa région, si riche en tradition et en fêtes, tant religieuses que païennes.

Comme il fut écrit précédemment sur ce blog, un espace-galerie consacré à l’Art Populaire Brésilien (mais aussi portugais) s’élabore pour l’instant à Bruxelles en vue de son ouverture en 2010.
Mais aujourd’hui, comme le Brésil commémore le centenaire de ce grand artiste qu’est Vitalino Pereira dos Santos, je ne pouvais pas perdre l’occasion de l’évoquer. Vitalino est une figure emblématique du Brésil dont l’œuvre est transmise dans l’enseignement général des écoles primaires. Il est tout simplement le premier nom qui vient à l’esprit au Brésil, quand il s’agit d’évoquer l’art populaire, qui n’est autre que de l’Art avec un grand « A ».

Vitalino à l'oeuvre auprès de son four (photo Pierre Verger)

Je vous propose de vous rapporter ici le texte écrit par la journaliste Leticia Lins -paru dans le « Globo on line »- qui énumère les festivités et hommages organisées pour honorer ce grand maître.

« Le Pernambuco commémore le centenaire de la naissance de Maître Vitalino (article de Leticia Lins-10/07/2009) :
La revue américaine Time annonçait dans l’édition du premier février 1963, la nouvelle de la mort d’un important artiste plasticien brésilien. Cet artiste n’était autre que le pernambucano Vitalino Pereira dos Santos, mieux connu au Brésil sous le nom de Maître Vitalino, l’homme qui donna vie à la terre.
Ce vendredi (10 juillet 2009) l’état du Pernambuco et tout le pays commémorent les cent ans de la naissance de l’artiste.

À São Paulo, considérée comme la ville qui abrite le plus grand nombre de « nordestins », sont programmés divers shows au Centre des Traditions Nordestines pour ce dimanche. La Banda de Pífanos de Caruaru se présente aux côtés de Valdeck de Guaranhuns, Seu Jorge do Rastapé et la Quadrilha Asa Branca. Le Pernambuco commémore cette date avec une série d’hommages rendus à celui qui fut le premier artiste de l’état à immortaliser au travers de la terre, différentes figures populaires caractéristiques du Nordeste : les joueurs de pífanos (petites flutes du nordestes), les chasseurs, les migrants, les vachers, et d’autres encore.
Vitalino vécu à Alto do Moura, dans la municipalité de Caruaru, à 130 kilomètres de Recife, et laissa derrière lui, une multitude de disciples qui, aujourd’hui, font de la manipulation de la terre leur métier. On peut considérer qu’ils sont –seulement à Caruaru- environ 500 à vivre de ce type d’artisanat (ndlr : mais qui découle en fait d’un art véritable !)

À Alto do Moura se trouve la maison transformée en musée où vécu Vitalino et où ses descendants perpétuent son œuvre. C’est là que se déroulent les principales commémorations en souvenir du Maître, lui même joueur de pífano –le « pife », comme le nomme les nordestins de la caatinga (ndlr : région de végétation aride). Un timbre à l’effigie de Vitalino sera émis, ainsi qu’une médaille commémorative du centenaire de sa naissance, crée par la Casa da Nieda du Brésil. En outre, toujours à Alto do Moura, défileront 26 groupes folkloriques. Pour marquer encore davantage cette date, le village de Caruaru à prolongé ses traditionnelles festas juninhas (ndlr : fêtes de São Antonio, São Pedro, São Joao en juin) jusqu’à ce 10 juillet. L’artiste possède également sa statue en face de la demeure où il résida et les habitants de Caruaru assisteront gratuitement au spectacle « Les Sept lunes en terre », qui raconte la trajectoire de Vitalino, de ses débuts jusqu’à la reconnaissance et les chocs culturels qu’il du affronter en voyageant dans les mégapoles que sont Rio et Sao Paulo.
(…) Maître Vitalino naquit le 10 juillet 1909, dans la zone rurale de Caruaru et mourut de la variole à 54 ans. Dans la ville, des collections des œuvres du maître sont exposées au Musée d’Art Populaire. En cette année du centenaire, deux expositions de photographies furent mises sur pied, dont l’une à Recife, avec des photos de Vitalino faites par le célèbre photographe français Pierre Verger, en 1947 »

En vidéos, des artistes du Nordestes enregistrent une chanson-hommage composée par Onildo Almeida pour le centenaire de Mestre Vitalino.


jeudi 9 juillet 2009


-FERNANDA ABREU : « Brasileiro » (Teta Lando/ Fernanda Abreu)
-ALINE MUNIZ : « Não vacile » (Marco de Vita/ Aline Muniz)
-FABIANA COZZA : « Canto de Ossanhã » (Vinicius de Moraes/ Baden Powell)
-ADRIANA PEIXOTO : « De cabeça pro baixo » (Dalmo Medeiros)
-ZECA BALEIRO : « Vai de Madureira » (Zeca Baleiro)
-VANESSA BUMAGNY & ZECA BALEIRO : « Radiografia » (Vanessa Bumagny)
-FLÁVIO HENRIQUE & ZECA BALEIRO : « Choro do fim do mundo » (Flávio Henrique/ Zeca Baleiro)
-TONI PLATÃO : « Louras geladas » (Paulo Ricardo/ Luiz Schiavon)
-CEZINHA OLIVEIRA : « Instinto » (Cezinha Oliveira/ Eliane Verbana)
-RUBENS NOGUEIRA : « O Samba é o som » (Rubens Nogueira/ P.C. Pinheiro)
-CÁSSIA MARIA : « Tá bom também » (C.Maria)
-LEILA MARIA : « Seu Tipo » (Eduardo Dusek/ Luis Carlos Góes)
-DULCE QUENTAL : « No topo do mundo » (Frejat/ Dulce Quintal)

samedi 4 juillet 2009

Encore une petite à propos de Jackson?

Ivan Lins décontracté, dans une whiskeria d'Ipanema (photo Daniel A.)

(texte français plus bas...)

Mais uma sobre M.J. ?

Nosso mundo anda bem ! A prova disso são os 25 % do tempo que as atenas dos telejornais dedicam aos notíciários em sequência sobre o falecimento de Michael Jackson, desde 25 de junho ! A cada dia, é uma pequena novidade que surge, ou um pequeno escândalo a ser degustado (nham, nham !). É o caso de se dizer que não há de fato sobre a face da Terra mais que algumas poucas tragédias pelas quais as pessoas se interessem com tanto fervor, como quanto às consequências da morte do Rei do Pop (e cabe dizer : morto agora, mas depois de muito tempo do mesmo ocorrido em termos artísticos). Dá prazer constatar que vivemos num mundo que goza de tão boa saúde... Ou então, eu não entendi nada ?!?
Como todo mundo tem a sua história « jacksoniana », aqui temos uma que toca particularmente no tema desse blog - a MPB – e um se seus mais ilustres representantes : Ivan Lins.

Eu não sei se os brasileiros se dão verdadeiramente conta desse fato*, mas eles têm na pessoa de Ivan Lins um de seus compositores mais respeitados mundo afora ; junto, é claro, com Antonio Carlos Jobim (1927-1994) .
Ivan Lins, nascido no Rio em 1945, trabalhou e compôs para expoentes mundiais como Barbara Streisand, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Sting,Vanessa Williams, George Benson, Patty Austin, Diana Reeves, Manhattan Transfer, Toots Thielemans, Jane Monheit e uma série de outros. O próprio Miles Davis preparou-se para prestar uma homenagaem ao compositor e pianista brasileiro, elaborando um álbum a ser gravado em torno de suas composições. Mas a grande foice leva embora o genial trompetista em 1991, e por esse mesmo motivo, corta o projeto pela raiz.
Quanto a esse reconhecimento internacional, Ivan Lins o deve em parte a seu amigo Quincy Jones, que havia descoberto seu talento pelos idos de 1979.
Em 1980, Ivan lança o disco « Novo tempo », cuja faixa - título encanta o grande Quincy, que, na época, prepara o sucessor de « Off the Wall », de Michael Jackson.
Novo tempo se enquadra bem no tom dos hinos-exaltação contra a ditadura militar então instalada no Brasil, tema sobre o qual Ivan Lins tinha o hábito de compor já desde bastante tempo, com seu parceiro Vitor Martins.
Quincy Jones propôs-se a fazer uma versão em inglês para aquela que poderia ter vindo a ser uma das faixas do próximo álbum de Michael, um certo « Thriller »… A partir dali, as fontes de informação sugeririam duas histórias diferentes. A primeira diria que o fato de Ivan ser um artista com uma agenda superlotada não lhe deu tempo hábil para analisar essa solicitação (versão Wikipédia). A segunda (versão de um jornalista especializadíssimo no assunto, do jornal « O Globo ») afirma que Ivan Lins não teria aceito o contrato que os empresários de Michael pretendiam impor-lhe ; e que, em resumo, esse contrato deveria incluir a compra dos direitos sobre a canção.
Uma oportunidade perdida pelo artista brasileiro de entrar um pouco mais dentro da história da música ? Hum...
Tanto que, quando eu tive a oportunidade de jantar com Ivan, em agosto de 2008, numa whiskeria em Ipanema, o compositor me pareceu mais abalado pelo abortamento de seu projeto com Miles Davis do que pela ausência de seu nome na capa do álbum mais vendido de todos os tempos.

*Na revista Rolling Stone Brasil de outubro de 2008, os proeminentes especialistas musicais simplesmente omitiram a inclusão de seu nome na lista dos 100 artistas brasileiros mais importantes. Sem dúvida, eles se esqueceram de que ele fosse um deles...

Quincy Jones (ici avec Michael Jackson et Steven Spielberg, 1983),
aux confluents des carrières de stars mondiales.


Notre monde va bien ! Pour preuve, les 20 % du temps d’antennes que les journaux télévisés consacrent aux suites du décès de Michael Jackson depuis le 25 juin. À chaque jour son petit rebondissement ou son petit scandale croustillant (miam miam !). C’est dire qu’il n’y a vraiment que peu de malheurs sur cette terre pour que l’on s’intéresse avec tant de ferveur aux conséquences au décès du Roi de la pop (cela dit, mort depuis bien plus longtemps artistiquement). Ça fait plaisir de voir que nous vivons dans un monde en si bonne santé…Ou alors, je n’ai rien compris !?

Comme tout le monde y va de son anecdote « jacksonienne » en voici une qui touche plus particulièrement le sujet de ce blog –la MPB- et un de ses plus illustres représentants, Ivan Lins.

Je ne sais pas si les Brésiliens s’en rendent vraiment compte*, mais ils tiennent en la personne d’Ivan Lins un de leurs compositeurs les plus respectés à travers le monde, avec bien sûr Antonio Carlos Jobim (1927-1994) .
Ivan Lins, né à Rio en 1945, a travaillé et composé pour des pointures mondiales comme Barbara Streisand, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Sting, Vanessa Williams, George Benson, Patty Austin, Diana Reeves, Manhattan Transfer, Toots Thielemans, Jane Monheit et bien d’autres. Miles Davis lui-même s’apprêtait à rendre hommage au compositeur et pianiste brésilien en enregistrant un album construit autour de ses compositions. Mais la grande faucheuse emporta le génial trompettiste en 1991, et par là même, coupa ce projet à la racine.
Cette reconnaissance internationale, Ivan Lins la doit en partie à son ami Quincy Jones qui avait découvert son talent vers 1979.
En 1980, Il sort l’album « Novo tempo » dont la plage titulaire séduit le grand Quincy qui, à l’époque, prépare le succèsseur d’ « Off the Wall » de Michael Jackson.
Novo tempo se révèle bien dans le ton des hymnes-exaltations contre la dictature brésilienne qu’Ivan a l’habitude de composer depuis longtemps avec son complice Vitor Martins.
Quincy Jones se propose d’en faire une version en anglais pour ce qui pourrait être une des plages du prochain album de Michael, un certain « Thriller »… À partir de là, les sources proposent deux histoires différentes. La première étant qu’Ivan -artiste à l’agenda surbooké- n’eut pas le temps d’analyser cette requête (version Wikipédia). La seconde (version d’un journaliste brésilien spécialisé du Globo) affirmant qu’Ivan Lins n’accepta pas le contrat que les impresarios de Michael comptaient lui imposer et qui, en résumé, devait porté sur l’achat des droits de la chanson.
Une occasion perdue pour l’artiste brésilien d’entrer un peu plus dans l’histoire de la musique ?
Toujours est-il que –quand j’eu la chance de dîner avec lui en août 2008 dans une whiskeria d’Ipanema- Ivan semblait plus affecté par l’avortement de son projet avec Miles Davis, que par l’absence de son nom sur la pochette de l’album le plus vendu de tous les temps.

*Dans la revue Rolling Stones Brasil d’octobre 2008, les éminents spécialistes musicaux avaient tout simplement omis de l’inclure dans la liste des 100 artistes brésiliens les plus importants. Sans doute avaient-ils oublié qu’il était des leurs…

vendredi 3 juillet 2009

BLOCO 3 :

-JOTA QUEST : « La Plata » (Flausino/ Buzelin/ Lara/ Fonseca/ Diniz)

-MARCELO D2 : « Desabafo » (MD2/ Nave/ Ivan Lins)
-ROBERTO CARLOS : « Detalhes » (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
-FERNANDA TAKAI : « Debaixo dos caracois do seus cabelos » (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
-ADRIANA MACIEL : « Perto do teu coração selvagem » (Vitor Ramil)
-VERONICA SABINO : « Tardes » (Adriana Calcanhotto)
-CELSO FONSECA : « Queda » (Luciano Salvador Bahia)
-VANDER LEE : « Obscuridade » (Vander Lee/ Cartola)
-VINCENTE BARRETO : « A Barca do desejo » (Vincente Barrreto/ Zeh Rocha)
-MARCOS SACRAMENTOS : « Meu rádio e meu mulato » (Herivelto Martins)
-MARIANA BALTAR : « Pressentimento » (H.B. De Carvalho/ Elton Medeiros)
-ZECA PAGODINHO : « Caviar » (Luiz Grande/ Barbeirinho de Jacarezinho/ Marcos Diniz)
-ED MOTTA : « The Runaways » (Ed Motta/ Robert Gallagher)

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.